[RESENHA] Stranger

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  • Título: Stranger
  • Autor: Kuku Hayate
  • Gênero: Histórico, BL, Romance
  • Tipo: Mangá
  • Publicação: 2017 (concluído)
Fran costumava se envolver em assassinatos e roubos. Ele agora mostra remorso por essas negociações ilegais e trabalha como xerife em uma pequena cidade. Ele perdeu seu cavalo e vagueia no deserto se perguntando: "Esse é o preço que estou pagando pelos meus erros do passado?"

> escrito em: 16/03/2021

O que vem à nossa mente quando pensamos em histórias de faroeste?

Roteiros pautados em conceitos populares de virilidade, confrontos físicos, pistoleiros armados com seus revólveres cromados, xerifes e cowboys que andam a cavalo. O mangá “Stranger”, de Hayate Kuku, tem como grande mérito subverter esse cenário tipicamente voltado para o público masculino, atribuindo-lhe ares de romance e homoerotismo sem perder de vista a essência do velho oeste.
Stranger apresenta Fran, xerife de um pacato vilarejo no oeste americano. Enquanto atravessava o deserto em sua jornada solitária de volta para casa, concretiza-se o que de pior poderia lhe acontecer: o cavalo que o levava morre e ele se perde em meio ao campo desértico. 

Desnorteado, com seu único meio de transporte incapacitado, Fran não suporta o calor infernal dos dias e o frio congelante das noites. Desfalece à beira da morte. O xerife então é socorrido por um misterioso nativo-americano, cujo dizia que o espírito de um cavalo morto havia pedido para salvá-lo. O indígena, Toto, dá água à Fran e o ajuda a manter-se aquecido na noite gelada de maneira um tanto quanto… inusitada. 

Calor humano. ( ͡° ͜ʖ ͡°)

Conduzindo-o de volta para a vila na manhã seguinte, Toto faz questão de deixar claro para Fran que apesar de tê-lo ajudado, os dois não são amigos.

Fica implícito que a raiz dessa estranheza é a herança cultural deixada por anos de guerras entre colonos europeus e os povos ameríndios, que foram cruelmente forçados a abandonarem suas tribos e tradições ancestrais. A princípio Toto acreditava que Fran, como um cara-pálida, poderia apresentar algum risco à sua natureza. Stranger oferece “insights” sobre como o preconceito pode ser revertido e na melhor das hipóteses, dar lugar ao amor.

O xerife se sente atraído pelo seu salvador, mesmo depois de retornar para a vila. Passam-se dias e não consegue tirá-lo da cabeça de jeito nenhum, então, não pensa duas vezes antes de seguir a voz de seu coração: decide ir atrás de Toto. 

O que mais me encantou em Stranger, assim como no clássico Mother's Spirit, Raiatea (um "gei-comi", vide última foto) e em outras obras BL que apresentam figuras indígenas, é a divergência étnico-cultural presente na dinâmica dos personagens. O impacto de duas diferentes linguagens, costumes, vestuários, crenças e tradições que obriga os protagonistas a vencerem barreiras culturais e amarem as singularidades um do outro. É formidável.

Do estranhamento das primeiras interações à intimidade que logo seguiu-se entre Toto e Fran, foi belíssimo acompanhar a química florescer. No final da história temos um duelo clássico dos filmes de faroeste e, de brinde, um extra com chibis dos personagens que é uma explosão de fofura.

Recomendo Stranger com todo o meu ser e não vou descansar até que todos vocês tenham lido. O mangá é do jeitinho que eu gosto: visual maduro, personagens mais velhos, de tamanho e musculatura fisicamente comparáveis. 😍

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